A Condominial explica o que são casas passivas

Do conceito ao desafio da construção

8 de abril, 2025
A Condominial explica o que são casas passivas
A construção de casas passivas, em Portugal, já não é novidade. Começou há mais de uma década. No entanto, com a sustentabilidade a tornar-se uma exigência cada vez mais presente em todas as áreas da sociedade, este tipo de construção ganha agora um novo destaque.
Em 2023, o Jornal de Negócios noticiava que o setor dos edifícios era responsável por cerca de 30% do consumo de energia no país. Uma realidade que pode ser transformada através de soluções mais eficientes, como as chamadas Casas Passivas, que representam uma abordagem inovadora à construção, aliando o conforto e a eficiência energética.

É provável que já tenha ouvido falar do conceito, sem saber exatamente do que se trata.

Afinal, o que é uma casa passiva?

Segundo João Gavião, arquiteto e membro fundador da Associação Passivhaus Portugal, uma Casa Passiva é um edifício que garante conforto térmico e acústico, boa qualidade do ar interior e ausência de patologias, tudo isto com um consumo energético bastante reduzido. Em comparação com uma construção tradicional, precisa de muito menos energia para aquecer ou arrefecer os espaços interiores. Comporta requisitos específicos como um isolamento térmico reforçado, ausência de pontes térmicas, estanquidade ao ar, janelas eficientes e sistemas de sombreamento adequados.

Ricardo Camacho, da Ordem dos Arquitetos, sublinha como principais vantagens o conforto dos ocupantes – e consequente melhor qualidade de vida – e uma abordagem circular que integra energia, construção, emissões e produção. No entanto, alerta para uma tendência comum entre projetistas, sejam eles arquitetos ou engenheiros, que tem que ver com tratar os edifícios como sistemas isolados, focando-se exclusivamente na eficiência. Para Camacho, esta visão ignora escalas mais amplas — ambiental, territorial, social e económica — que devem ser tidas em conta quando se projeta com responsabilidade e consciência.

Há quem defenda que o conceito pode ser aplicado a qualquer tipo de edifício, independentemente do método construtivo, da dimensão, da localização ou da complexidade. Outros, no entanto, levantam dúvidas quanto à sua aplicabilidade tão abrangente.

Ao contrário do que acontece noutras construções, nas Passive Houses não há discrepância entre o desempenho projetado e o desempenho real em uso (performance gap), graças à sua elevada eficiência e ao uso de sistemas mecânicos compactos, os custos operacionais tendem a ser mais baixos a longo prazo.

Além disso, oferecem vantagens quanto à durabilidade, à qualidade do ar interior e ao conforto térmico que se declara superior, tudo isto aliado a uma poupança energética que pode ultrapassar os 90%. Apesar de não existirem ainda dados completos sobre a evolução deste tipo de construção em Portugal desde 2023, até esse período fomos encontrando algumas referências de que o seu crescimento tinha ficado um pouco aquém das expectativas. Uma tendência que se tentou inverter no ano de 2024.

Importa ainda referir que o conceito de casa passiva não se limita a habitações unifamiliares. Pode ser aplicado em condomínios, edifícios públicos, comerciais ou de serviços. No entanto, requer conhecimentos técnicos específicos e, muitas vezes, um investimento inicial mais elevado. Por isso, é fundamental garantir o apoio técnico e financeiro, de forma a tornar a construção passiva acessível a todos, especialmente aos mais vulneráveis.

Fonte: jornaldenegocios.pt