Escassez de Profissionais na Construção
Condomínios e demais empreendimentos afetados pelo problema
28 de agosto, 2024
Um estudo recente revela que quatro em cada dez clientes em Portugal enfrentam dificuldades em encontrar profissionais de remodelação disponíveis durante o verão. A elevada procura por serviços de obras, combinada com a falta de mão-de-obra e o encerramento de empresas para férias, está a deixar muitos portugueses sem opções para as suas necessidades de renovação.
Em julho de 2024, a procura por serviços de obras aumentou 19% em relação ao mês anterior. A projeção para o terceiro trimestre aponta para um crescimento adicional de 15% comparativamente ao segundo trimestre. No entanto, apenas 16% das empresas registadas na Fixando estão atualmente a aceitar novos pedidos de orçamento.
De acordo com um inquérito realizado a 6.752 especialistas, 62% dos profissionais identificam a falta de mão-de-obra como o principal motivo para a escassez da oferta. Este problema, embora recorrente, é exacerbado durante o verão devido à migração sazonal de trabalhadores para países como França e Suíça, onde os salários são mais atrativos.
Fecho de Empresas e Falta de Talento Jovem
O estudo também destaca que 37% das empresas encerram para férias em agosto e 19% indicam que o fecho de fornecedores limita significativamente a sua capacidade de resposta. Além disso, há uma crescente dificuldade em atrair e reter jovens talentos para o setor da construção e remodelações.
Alice Nunes, Diretora de Novos Negócios da Fixando, salienta que a falta de mão-de-obra no setor não é novidade, mas os desafios continuam a crescer. «Precisamos de investir na formação em ofícios como carpintaria e alvenaria e promover estágios que atraiam jovens para estas áreas», afirma.
Impactos Climáticos e Expetativas dos Clientes
Outro desafio mencionado é a imprevisibilidade climática. «Temperaturas extremas e precipitação inesperada estão a prolongar os prazos das obras, causando atrasos em projetos subsequentes», explica Alice Nunes. Esta nova realidade climática acrescenta pressão sobre um setor já sobrecarregado, dificultando a conclusão das obras dentro do prazo estimado.
Os profissionais do setor também enfrentam a discrepância entre as expetativas dos clientes e os custos reais dos serviços prestados. Um especialista entrevistado refere que «os clientes preferem pagar menos, mas acabam insatisfeitos com a qualidade do serviço». Além disso, a proliferação de empresas ditas “faz tudo”, sem especialização adequada, pode comprometer a qualidade final das obras e a reputação do setor.
Soluções Propostas e Apelo ao Setor Público
Para enfrentar estes desafios, 65% dos inquiridos defendem a necessidade de apoio à formação de mão-de-obra qualificada. Adicionalmente, 40% acreditam que incentivos governamentais à contratação poderiam ajudar a melhorar a situação atual. Daí que seja «crucial um esforço conjunto entre o setor privado e as entidades públicas para garantir que o setor de obras e remodelações em Portugal não só sobreviva, mas prospere», conclui.
Fonte do texto: Aipor