Condensação de Vapores, afinal o que é?
Há humidade em casa e não é causada por infiltrações? Saiba o que pode estar na origem do problema
12 de dezembro, 2025
A humidade resultante da condensação de vapores é um problema frequente em edifícios residenciais, sobretudo quando existe um desequilíbrio entre a produção interna de vapor de água, a ventilação disponível e o comportamento higrotérmico dos materiais de construção.
Por comportamento higrotérmico entende-se a forma como os materiais interagem com a humidade e a temperatura, incluindo a sua capacidade de armazenar e libertar vapor de água e calor. Materiais com bom comportamento higrotérmico ajudam a estabilizar a humidade relativa e a temperatura interiores, reduzindo o risco de condensação.
A condensação ocorre quando o ar húmido atinge o ponto de orvalho e perde capacidade para reter vapor. Quando esse ar entra em contacto com superfícies cuja temperatura é inferior à temperatura de ponto de orvalho, o vapor transforma-se em água líquida. A gravidade do fenómeno depende de diversos fatores técnicos.
Um dos mais determinantes é o coeficiente de transmissão térmica (U-value) das paredes, janelas e coberturas. Elementos com baixa resistência térmica mantêm superfícies interiores mais frias e tornam-se zonas críticas de condensação. As pontes térmicas, como os cantos estruturais, as ligações entre as lajes e as fachadas ou os aros metálicos de janelas, amplificam o problema, uma vez que originam perdas de calor localizadas que fazem descer rapidamente a temperatura superficial.
A permeabilidade ao vapor dos materiais é outro aspeto fundamental. Sistemas construtivos desequilibrados, com barreiras de vapor mal posicionadas ou ausentes, permitem que o vapor migre para o interior das paredes, favorecendo a condensação intersticial. Embora muitas vezes impercetível, esta forma de condensação é particularmente prejudicial porque reduz a eficácia do isolamento, acelera a degradação dos materiais e pode provocar patologias estruturais a médio e longo prazo.
A ventilação desempenha igualmente um papel essencial. Em habitações onde a renovação de ar é inferior aos valores recomendados, nomeadamente os estabelecidos para sistemas de Ventilação Mecânica Controlada, a concentração de vapor aumenta rapidamente, especialmente em áreas de grande produção de humidade, como cozinhas e casas de banho. Sem renovação contínua do ar, o vapor acumula-se, a pressão parcial de humidade aumenta e a condensação sobre superfícies frias torna-se inevitável.
A resolução eficaz deste problema exige uma abordagem integrada que combine melhorias na envolvente térmica, gestão higrotérmica adequada e ventilação eficiente. Intervenções como o reforço do isolamento pelo exterior, a substituição de caixilharias por sistemas de elevado desempenho ou a correta instalação de barreiras de vapor contribuem significativamente para elevar a temperatura superficial interior e controlar a migração de vapor. A utilização de materiais com capacidade higroscópica ajuda a estabilizar a humidade relativa, enquanto sistemas de ventilação mecânica, complementados com ventiladores acionados por sensores de humidade, asseguram a necessária renovação do ar. Em paralelo, práticas quotidianas como evitar secar roupa no interior, utilizar tampas durante a confeção de alimentos ou manter livres as entradas e saídas de ar favorecem um ambiente mais equilibrado.