A Condominial sobre o preço da habitação

Preço de casas antigas iguala habitação nova

27 de junho, 2025
A Condominial sobre o preço da habitação
Se há seis anos nos dissessem que íamos viver uma pandemia e que a Europa entraria novamente em guerra, talvez pensássemos que era uma mentira típica do dia 1 de abril. No entanto, já se noticiava que o preço das habitações era elevado. 
Hoje, com um cenário mais adverso, os problemas no mercado imobiliário agravaram-se. Comprar casa em Portugal tornou-se, para muitos, uma verdadeira miragem que exige um esforço financeiro extremo. Os preços atingiram máximos históricos, a oferta é escassa e grande parte do que está disponível são imóveis antigos a precisar de reabilitação.

De acordo com estudo «Unlocking the Potential of Portugal’s Residential Market», da CBRE, o preço médio de uma casa antiga, em 2024, iguala o valor de uma casa nova, em 2019. A principal causa? A «elevada escassez da oferta de habitação». Cerca de metade do parque habitacional nacional tem mais de 50 anos e foi concebido para modelos familiares que já não se aplicam à realidade atual.

José Maria Moutinho, diretor da CBRE, aponta para um desequilíbrio profundo no mercado. A procura está em níveis máximos, impulsionada por fatores como a migração e a nova reconfiguração demográfica, enquanto a oferta continua a ser escassa. Medidas como a isenção do IMT ou o financiamento a 100% para jovens na aquisição da primeira casa, em vez de aliviarem a situação, acabaram por agravar o problema ao estimular ainda mais a procura sem mexer na oferta.

A solução passa, portanto, por centrar esforços no lado da oferta. Só assim será possível, a médio prazo, assistir a uma descida dos preços.

A CBRE destaca uma queda expressiva na venda de habitações novas — de 40% em 2009, para menos de 20% em 2024 —, e alerta para a urgência de construir mais, apontando localizações periféricas como Vila Franca de Xira, Alta Lisboa, Montijo ou Águas Santas e Prelada como alternativas viáveis.

Lisboa, Porto e Algarve foram as regiões onde os preços mais do que duplicaram, na última década. No entanto, «assiste-se recentemente a um aumento mais acentuado nas periferias dos grandes centros urbanos», salienta no estudo Igor Borrego. Isto deve-se ao facto das pessoas quererem comprar casa perto de onde trabalham, sendo que há aglomerados laborais, logo, uma maior concentração de pessoas e uma maior procura dos imóveis.  

O verdadeiro problema já não é apenas a inflação dos preços, mas o desfasamento entre o que existe e o que as famílias precisam. Mesmo o arrendamento não escapa a esta lógica: quem compra caro, arrenda caro.

O cerne da questão parece que reside no facto de haver menos vendedores. Conquanto, apesar dessa perceção de escassez de casas no mercado, o INE aponta para um aumento de 14,5% no número de transações em 2024 face ao ano anterior.

Outro dado relevante é que Portugal tem uma grande quantidade de casas vagas sem qualquer pessoa nelas a morar. 12% do total está devoluto, mas muitas estão em condições que as tornam impróprias ou economicamente inviáveis. Para a CBRE, o futuro da habitação depende de menos burocracia, mais investimento privado e de uma mudança estrutural no paradigma da política pública de habitação «quanto mais fácil e célere for o licenciamento, quanto mais fácil for pôr as coisas a funcionar numa lógica investimento para vender, ou para arrendar, melhor; porque isso vai trazer oxigénio ao mercado».

Fonte: cnnportugal.iol.pt